sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mais uma carta.


Aqui estou eu... Depois de tanto tempo, altas horas da noite, tentando expressar o que eu ando sentindo em um papel, como sempre faço. É estranho, depois de tanto tempo lhe escrever novamente, e sabe o que é mais estranho? Eu escrevo como se você fosse realmente ler tudo o que estou escrevendo. Como nos meus sonhos, naqueles mesmos sonhos.
O negocio é que, toda a vez que eu olho suas fotos no meu quarto, da vontade de chorar. É frustrante, até mesmo para mim. Eu fico sonhando tantas coisas, e ao mesmo tempo eu sei que elas não vão se realizar. Sonho com você me chamando para tomar qualquer coisa em um lugar informal depois de ver que eu era normal. Perguntando coisas sobre mim e rindo das minhas histórias. Sonho com você me olhando com aquele sorriso lindo enquanto eu me empolgo com alguma coisa. Você acenderia um cigarro e eu te olharia feio, falando que não era legal e que não fazia bem, quanto você revirava os olhos e daria uma grande tragada no cigarro, dizendo “você quem manda”, e sopraria a fumaça em cima de mim, o que seria motivo de mais risos. Eu observaria com cuidado seu roupa desleixada. Seu jeans velho, sua blusa rasgada, seu tênis surrado e sua jaqueta amassada, e eu riria comigo mesma, enquanto você passava a mão no cabelo e me perguntava o que tinha acontecido. Eu sorriria de novo e diria que não era nada, que só gostava do seu jeito de se vestir. Você me olharia desigual e diria um “okay” que significaria “tudo bem, estranha”. Nós tomaríamos mais umas duas cervejas e você pediria a conta, enquanto eu me assustava pela hora que já era. Nós sairíamos para a noite de Los Angeles e você perguntaria o que teria me trazido até aquela cidade. Eu hesitaria, respiraria fundo e diria a verdade. Diria qual foi a única razão para eu estar ali, você mesmo. Eu não consigo imaginar sua reação, mas logo eu diria que foi um erro eu ter falado a verdade, mas que também não via motivo para ficar mentindo. Contaria que tinha juntado dinheiro e alugado um “apartamento” caindo aos pedaços e que tinha partido para cá, na intenção de encontrar você. Ficaria um silêncio do nada e eu estaria com medo, mas você riria e diria que eu ainda era normal. Que eu não estava gritando, tentando arrancar um pedaço seu nem implorando por um autografo. Eu gargalharia e perguntaria se o bloco de notas e a caneta que estavam na minha bolsa seriam de enfeite. Então você riri mais uma vez e afirmaria “viu, normal”, enquanto me olhava de vez enquanto. Eu te chamaria para meu “apartamento”, se é que aquilo seria digno de ser chamado por tal nome, e você aceitaria numa boa.
Exatamente... Eu sonho. Sonho com se fosse acontecer. Como se ainda tanto tempo. Mesmo sendo frustrada. Esmagada contras as paredes do tempo. Atordoada pelos sussurros dos anos. Assolada pelas lágrimas que vem quando me dizem que isso nunca irá acontecer.
Aqui estou eu de novo. Lhe escrevendo palavras às altas horas da noite.

Nenhum comentário:

Postar um comentário